Vivaldo Lopes
Esperando Godot II 3a7046
17/02/2025, 07h:33 - Atualizado: 17/02/2025, 07h:37
Rodinei Crescncio/Rdnews

Este artigo uma verso atualizada de outro que escrevi anteriormente sobre a sofrncia da populao cuiabana espera do VLT que nunca chegou. A razo da sofrncia agora mudou de nome e se chama BRT.
“Esperando Godot”, de Samuel Beckett, uma das obras teatrais mais belas e conhecidas mundialmente. Tornou-se uma referncia mundial de inovao da narrativa teatral, a ponto de criar uma nominao prpria na dramaturgia, o chamado Teatro do Absurdo.
O enredo relativamente simples: dois andarilhos aguardam indefinidamente, numa estao de trem, a chegada de um tal “Senhor Godot” que nunca aparece. am toda a durao da pea falando sobre Godot. A pea termina e o senhor Godot no chega.
O VLT (Veculo Leve sobre Trilho), uma espcie de metr de superfcie, o investimento pblico mais aguardado em Cuiab desde 2009, quando a cidade foi escolhida para ser uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol – FIFA 2014. A previso era que entraria em operao no primeiro semestre de 2014.
O jornal A Gazeta est publicando uma srie de excelentes e esclaredoras reportagens sobre a trajetria do BRT, que virou VLT em 2012 e voltou a ser BRT em 2022.
A narrativa do VLT bem parecida com a do Senhor Godot, da pea de Beckett. A cidade espera, espera, se mobiliza, discute exaustivamente o tipo de transporte, mas este nunca chega.
“O que os cidados-contribuintes de Cuiab e Vrzea Grande mais desejam, a esta altura, que o BRT no se torne uma histria repaginada do VLT e continuem, como os dois ansiosos andarilhos da pea de Beckett, esperando o “Senhor Godot” que nunca chega” 3h5k3u
Vivaldo LopesO governo estadual , responsvel pelo empreendimento, anunciou em 2022 que abandonaria o modal VLT, ignorando os gastos de mais de R$ 1 bilho j desembolsados na empreitada. Em seu lugar vai construir o BRT ( Bus Rapid Transit ). Uma modalidade de transporte urbano que utiliza nibus que trafegam em corredor exclusivo.
Em valores atualizados e considerados os custos financeiros do emprstimo tomado para execuo do empreendimento, j foram gastos quase R$ 2 bilhes em obras civis, trilhos, aquisio dos vages, locomotivas e outros componentes. Do emprstimo contratado pelo governo estadual, uma parte foi devolvida Caixa Econmica Federal, devidamente acrescidos de juros e atualizaes monetrias. A istrao estadual afirma que os R$ 500 milhes necessrios para implantao do BRT sero pagos com recursos prprios do tesouro estadual.
poca, para concluso e funcionamento do VLT, uma das alternativas levantadas por especialistas em logstica e modbilidade urbana, seria o estado ar iniciativa privada, por meio de concesso onerosa, a concluso das obras e sua operao por um perodo de 25 anos, renovveis por igual perodo. O processo seguiria a mesma modelagem dos leiles de concesses de rodovias, aeroportos, por meio da Bolsa de Valores de So Paulo ( B3 ), de forma transparente e atrairia empresas nacionais e internacionais especializadas na operao desse tipo de transporte de massas. Feitas as devidas adaptaes, a soluo poderia ser aplicada para concluso e operao do BRT.
Assim, o estado concluiria o projeto sem a necessidade de aportar novos recursos pblicos e entregaria s populaes cuiabana e vrzea-grandense um transporte pblico de boa qualidade. Para equalizao das futuras tarifas s atuais, a istrao estadual deveria ofertar benefcios fiscais no ICMS e os municpios de Cuiab e Vrzea Grande ofereceriam incentivo tributrio do ISS cobrado sobre os servios de transporte coletivo.
As redues tributrias permitiriam populao trabalhadora usufruir da nova modalidade de transporte sem desembolsar mais do que j paga atualmente.
O que os cidados-contribuintes de Cuiab e Vrzea Grande mais desejam, a esta altura, que o BRT no se torne uma histria repaginada do VLT e continuem, como os dois ansiosos andarilhos da pea de Beckett, esperando o “Senhor Godot” que nunca chega.
Vivaldo Lopes economista e escreve neste espao s segundas-feiras