VIVALDO LOPES
Crescimentos e desafios n96t
02/06/2025, 06h:00 - Atualizado: 02/06/2025, 08h:42
Rodinei Crescncio/Rdnews

Os dados do desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 2025, divulgados pelos IBGE na ltima sexta feira (30), mostram a fora e resilincia da economia domstica, mesmo em um ambiente de juros elevados e incertezas geradas pelas contas pblicas ainda em desequilbrio e cenrio internacional de guerras comerciais e militares.
Segundo o IBGE, a economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, em comparao ao trimestre ligeiramente anterior. Em relao ao primeiro trimestre de 2024, o crescimento foi de 2,9%. No acumulado dos ltimos quatro trimestres o crescimento foi de 3,5%.
A forte expanso teve como protagonista a agropecuria, que cresceu 12,2%, puxada pela safra recorde de 329 milhes de toneladas de gros deste ano, boa oferta de crdito e fatores climticos favorveis.
O desempenho excepcional da agropecuria j era esperado por analistas e agentes econmicos pois o setor tem comportamento sazonal. Cresce mais forte nos dois primeiros trimestres do ano e desacelera no segundo semestre. Esse movimento explicado pela colheita, transporte e processamento da soja e milho, principais mercadorias agrcolas do pas, que acontece nos primeiros meses do ano.
Mesmo tendo participao relativa pequena na formao do PIB, a agropecuria promove forte irradiao na economia quando considerada toda sua cadeia produtiva. Essa cadeia do agronegcio envolve os setores de agrosservios, insumos, agroindstria, revendas de maquinrios agrcolas, caminhes de cargas, logstica agropecuria. Segundo o Centro de Estudos Avanados de Economia Aplicada – CEPEA, da Esalq/USP, em conjunto com a Confederao da Agricultura e Pecuria do Brasil (CNA), a cadeia produtiva completa da agropecuria teve participao de 24,8% no PIB nacional em 2024. Essa participao deve crescer em 2025.
O setor de servios, que representa 70% do PIB, teve crescimento tmido, apenas 0,3%, em relao ao ltimo trimestre de 2024 e 2,1% na comparao anualizada. Nos servios, os segmentos que tiveram melhor desempenho foram o de informao/comunicao e atividades imobilirias.
Um dos setores mais sensveis alta de juros, a indstria apresentou queda de 0,1%. Alm disso, por questes sazonais, historicamente o setor industrial tem baixo desempenho nos trs primeiros meses do ano. Os segmentos com melhor performance foram a indstria extrativa e de eletricidade, gs, gua/esgotamento sanitrio.
Pelo lado da demanda, o destaque o investimento (formao bruta de capital fixo) com crescimento de 3,1%, em comparao ao trimestre anterior e 9,1% comparado com o primeiro trimestre de 2024. A importao de uma plataforma de petrleo teve contribuio relevante para o aumento do investimento no primeiro trimestre do ano.
A alta da taxa de investimento tambm demonstra que o empresariado, mesmo diante de um cenrio de incertezas na economia domstica e internacional, continua investindo, de olho na elevao do consumo domstico, mercado de trabalho aquecido e expanso das exportaes.
“O lado menos glamuroso do bom desempenho da atividade econmica no primeiro trimestre que a economia cresce acima da capacidade produtiva do pas” 296p42
Boa parte do investimento deriva de crdito direcionado, pouco afetado pela alta da Selic. Como as linhas de financiamento do BNDES s micro, pequenas e mdias empresas, financiamento imobilirio do programa Minha Casa Minha Vida e crdito rural do Plano Safra.
O consumo das famlias teve aumento de 1,0%, impulsionado por mais oferta de crdito, aumento do emprego e da renda do trabalho, mostrando forte resilincia poltica contracionista do Banco Central que encarece o crdito.
O lado menos glamuroso do bom desempenho da atividade econmica no primeiro trimestre que a economia cresce acima da capacidade produtiva do pas, gerando um hiato produtivo que gera inflao e dificulta as aes do Banco Central para traz-la meta de 3% ao ano. Na viso da maioria dos economistas, os ltimos dados de reduo da desocupao e criao de empregos formais, somados ao aumento da atividade econmica, devem ser comemorados, mas seus impactos na inflao precisam ser melhor analisados por especialistas, formuladores da poltica econmica, investidores e agentes econmicos.
O fato que, mesmo com a expectativa de uma desacelerao da atividade no segundo semestre, forma-se quase um consenso entre as casas de consultoria econmica, analistas, macroeconomistas, bancos e agentes financeiros revisaram suas estimativas iniciais e indicam ser grande a probabilidade do PIB crescer 2,5% em 2025, confirmando que o patamar de crescimento forte no perodo 2021-2024 no era um mero “vo de galinha” e deve ter sequncia em 2025-2026.
Vivaldo Lopes economista e escreve neste espao s segundas-feiras
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Comentrios (1) 3t16p
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Emlie de Arruda | Segunda-Feira, 02 de Junho de 2025, 12h0410
Os comentaristas dos jornais da Globo precisam ler seus artigos, Vivaldo! Economia deve ser comentada por economistas! E dos bons, como voc!