Cynthia Lemos
Dois tipos de lderes esto quebrando resultados. Um faz isso sorrindo 4u554y
08/05/2025, 05h:00 - Atualizado: 05/05/2025, 08h:35
Rodinei Crescncio/Rdnews

Hoje estive em reflexo sobre alguns padres que tm se repetido nas lideranas que observo e acompanho. De um lado, vejo lderes com excesso de dominncia. Aqueles que esto sempre querendo ganhar sobre a equipe, sobre os clientes, sobre os fornecedores. Que vivem num jogo interno de sair em vantagem — como se a funo da liderana fosse vencer, e no edificar.
De outro lado, observo lderes que, primeira vista, parecem o completo oposto. So aqueles que olham para a equipe como pessoas necessitadas, sempre carentes de algo. E, nesse movimento, am a enxergar a empresa como uma figura paterna: responsvel por suprir, cuidar, proteger, prover. A empresa se torna a fonte inesgotvel de amparo, enquanto os liderados se colocam no lugar de quem apenas recebe.
“O lder que busca vantagem est sempre olhando para si. Funcionrio, fornecedor, cliente — todos viram meios para um fim pessoal. A entrega se torna secundria” 5m4g1j
Ambos os extremos tm algo em comum: a falta de equilbrio. E mais profundamente, a escassez como ponto de partida.
O lder predador — ou egocntrico, como alguns chamam — quer tirar vantagem. E muitas vezes nem est preocupado em entregar, apenas em garantir o que considera ser seu “ganho”. O que ele no percebe que, ao agir assim, ele seca a fonte geradora. Ele esgota a capacidade do sistema de prosperar — porque aquilo que no gira em abundncia no se sustenta no tempo.
J o lder assistencialista pode at no ter conscincia de que tambm est tirando vantagem. Mas est. Ele acredita que a empresa tem a obrigao de suprir tudo o que a equipe precisa. E esquece que h uma fonte que sustenta tudo isso: a prpria empresa. Uma fonte que precisa ser nutrida, fortalecida, sustentada com estratgia, clareza, entrega, resultado. Porque seno, tambm seca.
Essa liderana assistencialista, por exemplo, tem me feito refletir muito. Tenho observado isso em uma gestora que est em mentoria comigo. Uma lder excelente, humana, cuidadosa — algum com um olhar genuno para o time. E o time gosta dela, cuida dela, confia nela. Mas desde que essa liderana se instalou na empresa que atendo, os resultados despencaram. E no por m inteno. porque ela foca apenas em cuidar das pessoas. E esquece de cuidar da fonte. No age com firmeza onde precisa. No prioriza o que sustenta o sistema. E a, tudo aquilo que belo — o cuidado, a escuta, o olhar humano — a a ficar frgil. Porque sem resultado, no h continuidade. No h como fazer isso e muito mais.
Apesar de parecerem opostos, esses dois perfis so lados da mesma moeda. Ambos partem de uma lgica egosta. Sim, egosta. Porque, em ltima instncia, se colocam no centro. Um, porque quer sempre ganhar. O outro, porque precisa ser necessrio. E ambos, de formas diferentes, drenam a energia da organizao.
O lder que busca vantagem est sempre olhando para si. Funcionrio, fornecedor, cliente — todos viram meios para um fim pessoal. A entrega se torna secundria. A equao justa se rompe. E a empresa, com o tempo, sente o peso disso. Porque o ciclo de prosperidade deixa de girar.
J o assistencialista atua velando uma falta que carrega. Uma dor que talvez nem tenha nome. Ele cuida, acolhe, oferece — mas muitas vezes a partir de uma frustrao pessoal no resolvida. Como uma criana mimada que recebeu demais e cresceu esperando que a vida siga suprindo sem esforo, ou aquela criana que recebeu de menos e segue cobrando do mundo — aqui, no caso, a empresa se torna responsvel por aquilo que ficaram devendo a ele e aos seus. E ao repetir isso com sua equipe, no os convida ao esforo, responsabilidade, ao movimento. E, novamente, a fonte seca.
Essa segunda forma de liderana a mais difcil de ser percebida. Porque adorada pela equipe. Afinal, quem no gostaria de ter um lder que acolhe tudo, que cobra pouco, que est sempre preocupado em suprir? Mas o que falta nela reciprocidade. Ela no devolve ao sistema o que o sistema precisa para continuar existindo. Ela no exige da equipe a edificao do negcio. E a, quando os gestores percebem o desequilbrio, os danos j se acumularam. Meses — s vezes anos — de resultado perdido. De potencial desperdiado.
Por isso, fica aqui esse convite conscincia. Porque nem sempre o que parece bonito, generoso e acolhedor est sustentado em bases saudveis. E nem sempre o que parece firme, estratgico e forte est de fato contribuindo para o todo.
Liderar sustentar. E sustentar requer equilbrio, presena e coragem. Coragem de se ver. E de rever o que for preciso.
Cynthia Lemos psicloga e empreendedora; fundadora da Grandy Psicologia Empresarial e escreve neste espao quinzenalmente s quintas-feiras