Rodinei Crescncio/Rdnews

Mais de 114 mil eleitores no compareceram s urnas no segundo turno da eleio municipal para a Prefeitura de Cuiab deste ano, que aconteceu nesTe domingo (27). O nmero representa 25,7% dos 445.070 eleitores aptos. Esse ndice de absteno o maior das ltimas quatro eleies. Segundo a consultora poltica Mariana Bonjour, os nmeros demonstram uma perda de confiana nas instituies e nos lderes polticos e um desgaste com a poltica, como um todo.

De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ndice de absteno no 1 turno saltou de 16,4%, em 2012, para 22,9%, em 2024. No 2 turno, aumentou de 18,7% para 25,7%. O ndice, tanto em nmero absoluto, quanto em porcentagem o maior das quatro ltimas eleies - confira quadro

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Abilio Brunini (PL) foi eleito prefeito de Cuiab nesse domingo (27) com 171.324 votos, o que representa 53,80% dos votos vlidos.  O candidato Ldio (PT) obteve 147.127 votos (46,20%).

Foi registrado o comparecimento de 330.537 eleitoras e eleitores (74,27%) s urnas. O ndice de absteno do segundo turno (25,7%), que aconteceu nesse domingo (27), bem prximo das ltimas duas eleies municipais.

Em 2020, na votao do segundo turno entre Abilio e do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), 24,7% dos eleitores no compareceram s urnas. Em 2016, Emanuel foi ao segundo turno contra Wilson Santos (PSDB) e venceu. Na ocasio, 25,1% dos eleitores no compareceram s urnas, um total de 82.660 pessoas.

Em 2012, o ndice de absteno foi bem menor. A disputa ficou entre Mauro Mendes (que era filiado ao PSB) e Ldio Cabral (PT). Na ocasio, faltaram 74.708 eleitores (18,7%).

Tendncia histrica

Rodinei Crescncio

Mariana Bonjour diz que corrupo, promessas no cumpridos e a percepo de que as mudanas so insuficientes fazem eleitor se distanciar da poltica

Conforme explica a consultora poltica Mariana Bonjour, no segundo turno, historicamente, h um aumento na absteno em comparao com o primeiro, pois a escolha se restringe a dois candidatos. "Isso faz com que eleitores que no se identificam com essas opes acabem no se sentindo motivados a votar. Alm disso, muitos comparecem s urnas no primeiro turno impulsionados pela presena de candidatos a vereador com quem tm vnculos de amizade ou proximidade", explica.

Esse cenrio no acontece isoladamente, mas reflete uma tendncia nacional de perda de confiana nas instituies e nos lderes polticos.

Desgaste e desconfiana com a poltica

Segundo Mariana, a sensao de que “nada muda”, independentemente de quem esteja no poder, leva muitos a questionar a utilidade do voto. "Casos de corrupo, compromissos no cumpridos e a percepo de que as mudanas so insuficientes fazem com que o eleitor se distancie da poltica. Esse desinteresse afeta principalmente os jovens, que sentem uma desconexo com a classe poltica", afirma.

Neste contexto, Mariana pontua que a poltica tradicional tem dificuldade em se comunicar com novos segmentos de eleitores, tanto em representatividade quanto em pautas que realmente refletem a vida cotidiana.

"Isso faz com que muitos no encontrem candidatos que expressem suas preocupaes, resultando em um sentimento de alienao. A complexidade das campanhas e a falta de clareza nas propostas tambm contribuem para o desinteresse do eleitor", analisa.

Polarizao e absteno

Segundo a consultora poltica, a polarizao pode tanto mobilizar quanto afastar os eleitores. "Em contextos polarizados, muitos votam com o intuito de ver o “lado oposto” derrotado. Contudo, aqueles que no se identificam com nenhuma das partes ou que rejeitam o clima de confronto acabam optando por no votar. Assim, a polarizao no apenas fragmenta os votos, mas tambm intensifica o afastamento de uma parcela significativadoeleitorado", conclui.