ENTREVISTA ESPECIAL h261o

Sábado, 01 de Fevereiro de 2025, 06h43 466h1c

O Dourado precisará corrigir os erros para voltar à Série A, aponta análise

O mestrando em Comunicação Social pela UFMT, Jenisson Bartniski, elaborou uma análise geral sobre o momento do Cuiabá

Douglas Santos

Montagem

Com um desempenho abaixo em 2024, o Cuiabá terá uma realidade diferente nesta temporada de 2025. Além do Campeonato Mato-grossense e Copa do Brasil, o Dourado voltará a disputar Série B do Brasileiro após quatro anos seguidos na elite do futebol.

 O grande desafio do Dourado é justamente superar um dos momentos mais difíceis de sua recente trajetória no futebol brasileiro. O rebaixamento para a segunda divisão obrigou o clube a repensar sua estratégia dentro e fora de campo, além de obter um novo planejamento financeiro e estrutural.

Em entrevista especial ao #rdnews, o mestrando em Comunicação Social pela UFMT, Jenisson Bartniski, elaborou uma análise geral sobre o momento do Cuiabá. Ele destacou pontos importantes sobre a gestão do clube em 2024, citou erros, e projetou o futuro do Dourado na temporada atual.

Confira, abaixo, principais trechos da entrevista

 
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O Cuiabá mereceu o rebaixamento para a Série B? Quais foram os erros cruciais do time em 2024?

Mereceu. A campanha do time foi muito abaixo do esperado, com apenas seis vitórias em 38 rodadas, desempenho insuficiente para quem quer se manter na elite do futebol brasileiro. A falta de planejamento e as decisões equivocadas na gestão do elenco e da comissão técnica foram fatores determinantes para o fracasso na temporada. O clube ou três meses sem um treinador, evidenciando problemas na condução do projeto esportivo. Além disso, o Cuiabá foi um time extremamente irregular ao longo de 2024, sem um padrão de jogo definido. Isso impactou diretamente o desempenho de jogadores importantes, como Deyverson e Isidro Pitta, que sofreram com a falta de um esquema que potencializasse suas características. O rebaixamento foi resultado de uma sucessão de erros dentro e fora de campo.

O que esperar do Cuiabá na Série B? Acredita que o Dourado terá dificuldades na competição?

Vejo o Cuiabá com potencial para brigar pelo o, mas a Série B é uma competição fisicamente exigente, com longas viagens e um nível mais equilibrado entre as equipes. Não há um franco favorito, o que torna a disputa ainda mais acirrada. Para voltar à elite, o Dourado precisará corrigir os erros da última temporada, e a manutenção de Bernardo Franco no comando foi uma decisão acertada na busca de uma identidade de jogo mais consistente.

“O rebaixamento acarreta uma série de consequências, sendo a principal delas a queda no faturamento” 2m1u4e

Jenisson Bartniski

A diretoria fez certo quanto ao processo de reformulação no elenco?

Sim, o rebaixamento acarreta uma série de consequências, sendo a principal delas a queda no faturamento. O presidente do Cuiabá estimou uma redução de 50% na receita do clube, uma diminuição significativa para um time que disputava a Série A. Isso impacta diretamente no orçamento e, consequentemente, no elenco. No mundo ideal, jogadores como Walter, Alan Empereur e Isidro Pitta seriam peças-chave para a equipe, mas a realidade financeira após o rebaixamento torna inviável manter esses nomes de alto custo. A reformulação foi necessária para ajustar o time à nova realidade, e a busca por peças mais íveis e ao mesmo tempo competentes para a Série B é uma estratégia crucial para garantir o retorno à elite do futebol brasileiro.

Como avalia o elenco atual? A diretoria auriverde precisa trazer mais reforços? O time está completo para a Série B?

Diria que o time “está em reforma”. Não vejo o Dourado completo para a Série B. É fundamental tanto quantificar quanto qualificar o elenco, já que a competição exige muito fisicamente. O ideal seria trazer mais alguns nomes experientes, que possam agregar tecnicamente e mesclar isso com os jogadores que já estão no elenco. Além disso, o uso inteligente do mercado de empréstimos pode ser uma estratégia eficaz, principalmente considerando a situação financeira do clube após o rebaixamento.

O Cuiabá não começou bem o Campeonato Mato-grossense. Sendo favorito, somou apenas seis pontos nos primeiros quatro jogos disputados, ou seja, três empates seguidos e uma vitória. Qual avaliação do início de 2025 do Dourado?

O Cuiabá iniciou a temporada de forma um pouco irregular, mas considero essa oscilação normal, especialmente nos primeiros jogos, quando a equipe Sub-20 foi escalada. Acredito que com o elenco principal em campo, o time tem tudo para crescer no campeonato e garantir a classificação para a próxima fase. Mesmo com os tropeços iniciais, sigo vendo o Dourado como favorito ao título e ao pentacampeonato. Vale lembrar que campeonato estadual serve justamente para essas avaliações e ajustes, permitindo que a equipe amadureça e se prepare para as maiores competições, como a Série B e a Copa do Brasil, onde as exigências são bem maiores.

Divulgação

Jenisson é formado em Comunicação Social, com habilitação em Radialismo, pela UFMT, onde desenvolveu um TCC sobre os narradores do futebol amador

Quais são as contratações pontuais que o Dourado precisa fazer para a Série B?

Falando de fora parece fácil, mas eu traria no mínimo mais seis jogadores: um zagueiro, um lateral, dois meias e dois atacantes. Como já disse, traria nomes mais experientes para trazer qualidade a equipe. Um mercado que oferece boas opções de reforços é o sul-americano, que costuma ter jogadores de qualidade por valores mais íveis, com clubes de países como Argentina, Uruguai e Chile sendo bons alvos. O Cuiabá, mesmo não estando na elite do futebol brasileiro, tem um poder de compra superior ao de muitos clubes da América do Sul, o que pode facilitar negociações com esses mercados.

Como você avalia a gestão Cristiano Dresch? Quais são os pontos positivos e negativos do presidente auriverde?

A gestão do Cristiano Dresch é marcante e tem suas características próprias, me lembrando o falecido Eurico Miranda e o Mario Celso Petraglia. Ele adota um modelo de liderança mais centralizado, o que é um aspecto que pode ser discutido, mas não podemos negar que o Cuiabá alcançou grandes conquistas sob sua istração. A gestão de Dresch foi crucial para a ascensão do clube, que, até o rebaixamento, se mantinha como um time nunca rebaixado na elite do futebol brasileiro. Além disso, conquistou 10 títulos estaduais nos últimos 12 anos e, com sua liderança, conseguiu resgatar o protagonismo da Arena Pantanal, que corria o risco de ser subutilizada. Esses feitos são evidentes e mostram a importância de sua gestão para o sucesso do clube. Por outro lado, algumas decisões questionáveis, como a escolha dos treinadores ao longo dos anos e certas declarações públicas, às vezes polêmicas, geram desconfortos. Acredito que, como presidente, ele precisa delegar mais responsabilidades, confiando no trabalho das equipes técnicas e de gestão, para permitir que todos desempenhem suas funções da melhor maneira possível.

Como está a saúde financeira do Cuiabá? Quais cuidados o clube deve tomar para não se afundar na Série B?

“A saúde financeira do Cuiabá, no momento, não é das mais confortáveis, já que o clube está ando por cortes de gastos” 5f416

Jenisson Bartniski

A saúde financeira do Cuiabá, no momento, não é das mais confortáveis, já que o clube está ando por cortes de gastos, uma situação que nenhuma equipe deseja enfrentar. No entanto, um ponto positivo é que o Dourado sempre manteve uma gestão responsável, nunca gastando além de suas possibilidades. Mesmo com uma queda de 50% na receita e a redução dos direitos televisivos devido ao rebaixamento, o clube conseguiu se equilibrar financeiramente. Nos últimos anos, o time investiu cerca de 60 milhões de reais, mas soube se movimentar bem no mercado: vendeu Isidro Pitta, seu principal jogador da temporada ada, por quase 30 milhões de reais, e, ainda em 2024, realizou a maior transferência de um jogador formado em sua base, o lateral-esquerdo Riquelme, que rendeu aproximadamente 19 milhões de reais. Além disso, a saída de atletas com salários altos, como Clayson, Fernando Sobral e Marllon, ajudou a aliviar o caixa do clube, permitindo um planejamento mais sustentável para o futuro. Apesar do rebaixamento para a Série B, não vejo o Cuiabá se afundando financeiramente. O clube precisa, agora, focar em estratégias para engajar o torcedor e fazer com que ele abrace a nova trajetória na segunda divisão. É essencial que a diretoria trabalhe para atrair o público de volta à Arena Pantanal, criando campanhas e ações que aproximem os torcedores do time. Além disso, é fundamental manter o investimento na base, incentivando crianças e adolescentes a frequentarem a escolinha de futebol do clube, o que não só fortalece a identidade do Cuiabá, mas também pode gerar futuros ativos financeiros por meio da venda de jogadores formados em casa.

O novo CT do Cuiabá (Manoel Dresch) custou cerca de R$ 50 milhões. Qual sua análise dessa estrutura?

A profissionalização de um clube a diretamente por sua estrutura, e o CT Manoel Dresch representa um avanço essencial para o Cuiabá. Embora a queda para a Série B possa gerar questionamentos sobre o impacto imediato do investimento, a longo prazo, um centro de treinamento de alto nível amplia a competitividade da equipe. Além de qualificar o desempenho em campo, fortalece a captação de talentos, melhora a recuperação física dos jogadores e aumenta a atratividade para atletas e patrocinadores. Também permite uma organização mais eficiente das categorias de base, consolidando uma identidade de jogo. Se bem aproveitado, esse investimento pode ser decisivo para o retorno e posterior permanência do Cuiabá na elite do futebol brasileiro.

Lembrando da descensão do Luverdense em 2017, que disputou a Série B por 4 anos, mas acabou se afundando no cenário do futebol e hoje conseguiu retornar para a Série D. Quais estratégias o Cuiabá precisa adotar para não ar sufoco igual Verdão do Norte ou?

Acredito que a gestão do Cuiabá é muito superior à do Luverdense naquela época. Um time não se mantém por quatro anos na elite do futebol à toa. Então, a receita o Cuiabá já tem: manter as finanças em dia, ter um elenco competitivo e uma comissão técnica capaz de tirar o melhor de seus comandados. Com isso, o time, que tem apenas 23 anos e uma trajetória campeã, não deve repetir o filme de terror pelo qual o Verdão do Norte ou.

AssCom Dourado

Qual é o principal objetivo do Cuiabá na temporada?

Voltar à elite do futebol. É importante também manter a hegemonia dentro do estado e avançar algumas fases na Copa do Brasil para garantir dinheiro no caixa, mas o foco principal tem que ser o retorno à Série A.

Qual avaliação você faz do futebol mato-grossense? Quais time têm mais chance de conseguir um o para a Série A, B ou C?

Tem sido muito legal acompanhar o bom início de dois dos times mais tradicionais do estado, Mixto e Operário-VG, que vejo com potencial para chegarem às fases finais do campeonato junto ao favorito Cuiabá. A volta do Dom Bosco à primeira divisão de Mato Grosso é algo que acredito que possa acontecer. De forma geral, o futebol mato-grossense tem apresentado melhora ao longo dos anos, mas sinto falta de os torcedores abraçarem nossas competições. A nível nacional, vejo o Cuiabá subindo para a Série A. Já Luverdense e Mixto, que irão disputar a Série D, precisam torcer para enfrentarem adversários mais fracos, mas é muito cedo para prever uma possível ascensão à Série C. Hoje, o Mixto poderia ter alguma chance; o Luverdense, não.

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